sábado, maio 29, 2010

Brahma: por que nado contra a maré

'Futebol é guerra simbólica. Seu caráter guerreiro transparece em diversos indícios. A linguagem usada nele tem expressões significativas, como "matar a bola", "matar a jogada" ou "matar o jogo". O jogador encarregado de fazer a maior parte dos gols da equipe é o "artilheiro", o "matador", o carrasco dos adversários. O representante do time junto ao árbitro é conhecido por uma patente militar, "capitão". Certos futebolistas, devido à disposição mostrada durante as partidas, ganham o apelido de "guerreiro", outros em razão de sua força física são chamados de "tanque". Vavá, o centroavante brasileiro nas Copas de 1958 e 1962, era Peito de Aço. A própria partida é "confronto", "duelo", "embate", "encontro", "peleja". Na década de 1940, comparando as seguidas vitórias do Exército alemão com as do São Paulo de Leônidas da Silva e do Internacional de Tesourinha, a imprensa brasileira chamou os dois times de Rolo Compressor'.

Para mim propaganda de bebida alcoólica, principalmente de cerveja, deveria passar, na televisão, somente na tarde da noite ou na calada da madrugada. Dito isso, nado contra a corrente no caso da campanha dos guerreiros com Dunga, Luís Fabiano e Julio César. Não vejo nenhum problema nela. Pelo contrário. Sob o ponto de vista publicitário, inclusive, achei uma boa tacada. O bélico e disciplinador Dunga chegou após a Copa de 2006 para pôr ordem num grupo sem hierarquia, bagunçado, o fez, e os idealizadores do comercial pegaram carona.

Um dos motivos para eu não estar na trincheira dos que crucificam a propaganda está descrito no primeiro parágrafo, no trecho retirado do excelente 'A Dança dos Deuses - Futebol, Sociedade e Cultura', de Hilário Franco Júnior. E outra razão para eu não jogar pedra nela é a não subestimação da inteligência do receptor da mensagem. Na minha visão, a campanha da Brahma não é decisiva na hora do surgimento ou não de uma briga entre torcedores dentro, nos arredores e longe do estádio. Torcedores de clubes, diga-se.

3 comentários:

Copo na Bola disse...

Realmente sua sacada sobre as comparações entre futebol e guerra são muitos Boas. Eu não acho o comercial da brahma tão bom quanto a própria cerveja..rs.. mas como vc mesmo disse "outra razão para eu não jogar pedra nela é a não subestimação da inteligência do receptor da mensagem"...

Gustavo Dario disse...

Perfeito. Concordo com tudo. Um comercial de cerveja não vai fazer os torcedores brigarem mais ou menos. Os marginais independem disso. Abraço, Carlão.

Rafaela Andrade disse...

Tanta coisa pior para se preocupar como de onde vai sair o dinheiro dos estádios na copa de futebol, as várias greves eclodindo no judiciário... complicado, né? Saudades das suas visitas, já conheceu a equipe do Apenas um ponto esportivo? Tem post da Fernanda Vaz sobre o clássico de amanhã Beijos!

http:\\apenasumpontoesportivo.blogspot.com