quarta-feira, abril 30, 2014

A flexibilidade é sempre bem-vinda

Odeio o imediatismo que predomina nas análises futebolísticas. Em questão de dias, ou até mesmo de um singular jogo, endeusa-se ou crucifica-se fulano ou beltrano com uma facilidade desgraçada.

Sou fã do trabalho de Pep Guardiola. Para mim era e continua sendo o melhor treinador do mundo. Não é porque seu time foi humilhado pelo de Carlo Ancelotti, na semifinal da Champions League, que vou mudar de opinião (parece óbvio, mas às vezes a obviedade precisa ser dita e repetida). Seria no mínimo irresponsável e covarde da minha parte, "só" porque o Bayern foi massacrado pelo Real Madrid na partida desta terça-feira, pensar "ih, Pep não é mais o mesmo". Seria dum imediatismo barato da minha parte, e se tem uma coisa que abomino no futebol, dentre tantas outras, é a análise imediatista (que na verdade nem merece ser chamada de análise).



Dito isso, evidente que o trabalho de Guardiola não está imune a críticas. Não é porque o considero o melhor técnico do mundo que vou concordar com tudo o que ele faz ou propõe (embora eu concorde com quase tudo).

O confronto contra o Madrid - não só o 4 a 0 da Allianz Arena, mas também o 1 a 0 do Santiago Bernabéu - me fez refletir e questionar a convicção de Pep. Porque, como você e eu sabemos, independente do adversário, do estádio e do placar de momento, sua equipe joga do mesmo jeito: troca de passes curtos no campo ofensivo, valorizando a posse da bola, à espera da infiltração na área e do espaço para o arremate. Era assim com o Barcelona, e é assim com o Bayern. E por que deu certo com o Barcelona e não deu com o Bayern, Carlão? Primeiro, vale lembrar que naquele Barcelona tinha um tal de Messi. E segundo, discordo que não está dando certo no Bayern. Ora! O time foi campeão alemão com o pé nas costas, com não sei quantas rodadas de antecedência, quebrando recordes e mais recordes. Mas e a eliminação para o Real Madrid, Carlão? Bom, antes de qualquer coisa, é necessário reconhecer o mérito merengue. Dentro da proposta de jogo de cada um, a equipe espanhola foi superior, e vale lembrar que para um ganhar o outro precisa perder (ah, sem falar que o Madrid tem um tal de Cristiano Ronaldo).

Contudo, em cima do chamado estilo de jogo - e é aí que entra minha crítica -, me parece que falta um pouco de flexibilidade a Guardiola, me parece que sua convicção pode, eventualmente, atrapalhá-lo. Pois ao priorizar piamente a manutenção da posse de bola no campo ofensivo, seu time acaba, não diria abrindo mão totalmente, mas deixando meio de lado, uma arma letal, ainda mais quando se tem Robben e Ribéry no time: o contra ataque. Não estou dizendo que os times de Guardiola são proibidos de contra atacar. Não é isso, por favor. Porém essa obsessão pela posse de bola, em certos momentos, pode tomar o lugar de alternativas tão efetivas quanto ou até mais. Repito: não estou dizendo que o Bayern 2013/14 estava proibido de contra atacar. No entanto esse artifício, me parece, só é utilizado quando o adversário tem um escanteio ou uma bola parada qualquer a seu favor (claro, um escanteio ou uma bola parada que não resulta em nada e que escancara os espaços ao time de Pep). Talvez, dependendo do contexto, quando perde a bola, não necessária e obrigatoriamente o Bayern precisa marcar por pressão para retomá-la lá em cima. Dependendo do contexto, quando perde a bola, talvez seja pertinente recuar, marcar por zona lá atrás para retomá-la e contra golpear, ainda mais, como disse, quando se tem duas flechas como Robben e Ribéry no gramado.

Enfim, há várias estratégias de jogo, há várias maneiras de se jogar futebol, de se armar uma equipe. E sem dúvida o chamado Tiki-Taka é a forma que mais me agrada. Entretanto, mesmo o Bayern de Guardiola, talvez não precise atuar somente dessa forma. Talvez uma eventual mudança de estratégia, num jogo aqui, noutro ali (ou até mesmo numa parte dum jogo aqui, noutra parte dum jogo ali), seja benéfica à equipe, até porque, quando você joga sempre da mesma maneira, faça chuva ou faça sol, como mandante ou visitante, você se torna previsível.

Feita minha crítica, ainda assim, só para deixar claro, como odeio análises imediatistas (também conhecidas como papo de torcedor de boteco), Pep continua sendo, por uma série de motivos, o melhor treinador da atualidade, na minha visão.

sexta-feira, abril 25, 2014

BBC quebrando a banca

O trio ofensivo do Real Madrid 2013/14 está prestes a chegar aos 90 gols. No exato momento Benzema, Bale e Cristiano somam 89 tentos, por La Liga, Champions League e Copa do Rei, divididos desta maneira:

Cristiano Ronaldo tem 45 gols em 42 jogos (e 11 assistências); Bale tem 20 gols em 40 jogos (e 15 assistências); e Benzema tem 24 gols em 47 jogos (e 13 assistências).

No vídeo abaixo você vê os primeiros 50 gols.

quinta-feira, abril 24, 2014

Sem conhecimento não há convicção

Não tava na cara? Não tava na cara que Cristóvão Borges e Enderson Moreira eram os melhores nomes do mercado? Não sei até quando ia o contrato de Enderson com o Goiás, mas estava na cara que, independente disso, em 2014 ele acabaria num clube dito grande (como acabou, embora algumas pessoas com merda na cabeça atualmente cogitem sua queda do Grêmio quatro meses após sua contratação). Já Cristóvão, desligado do Bahia no início de dezembro, só foi contratado por um clube dito grande agora em abril. Durante todo esse tempo esteve na pista, dando sopa, e ninguém foi capaz de se interessar por ele (até alguém ter uma luz no Fluminense).

E por que não se interessaram por Cristóvão Borges? Por que Alexandre Kalil, por exemplo, ao anunciar a saída de Cuca, já não tinha na manga o ex-técnico do Bahia (ou o do Goiás)? Por quê? Te digo por quê. Porque, provavelmente, a exemplo da maioria dos dirigentes brasileiros, ele não deve assistir jogos de futebol, muito menos de um time de fora do dito eixo. Eu, por exemplo, quando digo desde o fim do ano passado que Cristóvão era um dos melhores treinadores a serem contratados (ao lado de Enderson), me baseio no Bahia do Brasileirão 2013, na compactação da equipe (algo raríssimo nos gramados daqui), e em suas entrevistas, até porque não vivo nem vivia o dia a dia do CT.

Provavelmente Kalil e sua diretoria não viram jogos do Bahia nem do Goiás na temporada passada. Certamente não. Porque se tivessem visto, uma vez que a ida de Cuca para a China era iminente, teriam contratado um dos dois, em vez de Paulo Autuori. Não que eu seja contra ou a favor de Autuori. Não é isso. Esse tweet de 14 de dezembro de 2013, aliás, mostra que Enderson e Cristóvão eram minhas opções para o Galo (e para qualquer outro clube que estivesse à procura de um treinador). Sou contra, no entanto, sua demissão após quatro meses de trabalho. Quatro meses! A impressão é de que Kalil, Eduardo Maluf e etc tinham tanta convicção em Autuori quanto tinham em Anelka.

Sei lá. Às vezes sinto que nossos cartolas, de uma maneira geral, são piores que nossos treinadores. Sem querer generalizar, mas já generalizando, às vezes me parece que eles não assistem futebol a não ser aos jogos de seus próprios clubes. Às vezes fico com a sensação de que o conhecimento teórico de campo e bola deles é limitadíssimo, para não dizer quase nulo (como o de boa parte da mídia e, claro, da torcida, que só quer saber de "raça"). Veja bem, não me refiro à falta de caráter ou honestidade de nossos cartolas. Não é isso. Refiro-me à falta de competência mesmo, simples assim. Enfim... Num país onde a responsabilidade é sempre passada ao próximo, esperar o que além dessa areia movediça onde nos encontramos?

terça-feira, abril 22, 2014

Pré-jogo: Real Madrid vs Bayern

Não importa o adversário, o estádio, nem o placar. O time treinado por Guardiola sempre valoriza e trabalha a posse de bola através de passes curtos, de passes envolventes no campo ofensivo, em busca da infiltração na área e do espaço para o arremate. Era assim com o Barcelona e é assim com o Bayern. E deverá ser assim contra o Madrid, mesmo no Santiago Bernabéu, nesta quarta-feira. Ou seja, quer queira ou não, os adversários de Pep são "obrigados" a jogar no contra ataque, e com a equipe de Ancelotti não deve ser diferente.

Pelo jeito Cristiano Ronaldo e Bale vão mesmo para o jogo. Cristiano Ronaldo e Bale que, diga-se de passagem, são os melhores pontas da atualidade (ao lado justamente de Ribéry e Robben). Nessa partida, no entanto, imagino, chuto, apenas palpito, que o português e o galês não irão atuar como tais. Já que os donos da casa serão "obrigados" a adotar a estratégia do contra golpe, é possível que uma mudança seja bem-vinda.

Só um parêntese: lembre-se que estratégia de jogo e esquema tático são coisas distintas. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Para não irmos longe, vamos ficar no exemplo do Bayern 2013/14, que pode jogar no 4-3-3, no 4-2-3-1 ou até mesmo no 3-4-3, mas a estratégia - ou melhor, uma parte dela - continua a mesma: a manutenção da posse de bola. Ou seja, as variações táticas, não só no caso do Bayern, mas no futebol como um todo, surgem conforme o oponente.



Como você sabe, o esquema titular do Real Madrid 2013/14 é o 4-3-3, com Alonso centralizado, Modric na meia direita, Di María na meia esquerda, Bale na ponta direita, CR7 na ponta esquerda, mais Benzema na referência. Não sei se você sabe, porém, que na final da Copa do Rei, contra o Barcelona, sem CR7, o time se distribuiu no 4-4-2 em linha (confira aqui). E se o 4-3-3 é o plano A de Ancelotti, e o 4-4-2 em linha é o plano B (ou C, D), o plano B me parece ser a variação mais indicada, devido às características do Bayern de Guardiola e, claro, de seus próprios atletas. Logo, não seria uma baita surpresa uma mudança tática.

No 4-3-3 uma das missões do ponta é marcar o lateral (talvez "marcar" não seja o termo ideal, mas enfim). No 4-3-3, por exemplo, Ronaldo teria de voltar para acompanhar Lahm (ou Rafinha). Já no 4-4-2 em linha, ele e Benzema se revezariam no combate ao primeiro volante adversário (Kroos ou Lahm, caso este jogue no meio campo), algo em tese menos trabalhoso. Outro ponto a favor do 4-4-2 em linha para essa partida é que, dessa maneira, CR7 ficaria mais perto do camisa 9 e do gol. E quem marcaria os laterais do Bayern? Os wingers Bale e Di María (as outras válvulas de escape do contra ataque). Já pela faixa central, como tenta prever a prancheta acima, os volantes Alonso e Modric bateriam de frente com os meias Müller (ou Götze) e Schweinsteiger. Outra alternativa seria Mandzukic no banco e Götze ou Müller falso nove, mas não sei, não, o croata tem decidido demais, por isso optei por ele na prévia.

Não sei se minha previsão vai se confirmar. Pode ser que sim, pode ser que não. Pode ser que o Madrid jogue no 4-3-3 voltado ao contra ataque e vença. Pode ser que jogue no 4-3-3 voltado ao contra ataque e perca. Pode ser que jogue no 4-4-2 voltado ao contra ataque e vença. Pode ser que jogue no 4-4-2 voltado ao contra ataque e perca. Ou empate. Vai saber. Futebol não é ciência exata, a máquina de prever o futuro ainda não foi inventada e até onde sei bolas de cristal não funcionam. Apesar disso, baseado no estilo do Bayern e em especial no duelo da semana passada contra o Barcelona, permito-me pensar que Ancelotti irá abrir mão do esquema de rotina. Afinal, não custa nada especular, né? Tentativas de adivinhações à parte, o apito inicial será soprado de verdade às 15h45, horário de Brasília.

domingo, abril 20, 2014

The Red King Midas

Um ponto em comum entre Brendan Rodgers e Pep Guardiola é o rodízio de posições para os jogadores (não confunda com rodízio do elenco). Tanto um quanto o outro acreditam, treinam e colocam em jogos para valer seus atletas em diferentes posições (futebol não é pebolim/totó/flaflu, o ser humano é inteligente e o jogador se adapta). No caso da equipe alemã, sem dúvida o caso mais notável é Lahm, considerado o melhor lateral-direito do mundo, que passou a atuar como volante nessa temporada.

No caso do time inglês, por exemplo, Sterling - o Man of the Match da vitória por 3 a 2 sobre o Norwich, neste domingo - sempre foi winger, e assim deveria permanecer, de acordo com uma visão limitadíssima que paira por aí. Mas, não. Rodgers, o Rei Midas do Liverpool, tem escalado o jovem de 19 anos pela faixa central, como enganche num 4-4-2 em losango. E por ali ele tem voado! Quando o 4-1-4-1 (ou 4-3-3) entra em campo, claro, Sterling joga na ponta. Pelo corredor central, contudo, ele tem atingido seu ápice, e essa variação tem o dedo do homem que transforma em ouro o que toca.



Além da pouca idade (41 e 43 anos, respectivamente), outra semelhança entre Brendan e Pep é a valorização da posse de bola baseada na troca de passes pertinente - embora haja uma diferença nessa semelhança: Rodgers "apenas" valoriza a posse de bola, enquanto Guardiola tem obsessão por ela.

No 3 a 2 em cima do Norwich (dois gols de Sterling e um de Suárez), o técnico do Liverpool mudou de estratégia no intervalo. Com 2 a 0 em vantagem no placar, fora de casa, na segunda etapa abriu mão da posse de bola para jogar no contra ataque. É uma alternativa arriscada, já que você chama o adversário para o seu campo. Entretanto eficiente se tudo der certo, como deu nesse caso.

Os donos da casa controlaram boa parte do segundo tempo, ficaram mais tempo com a posse (apesar de abusarem das bolas alçadas na área, um mecanismo pobre), chegaram a diminuir para 2 a 1, mas os Reds, assim como previa a estratégia, mataram a partida no contra golpe. Essa variação, não tática, mas de estratégia mesmo, é menos comum com Guardiola. Assim como aquele Barcelona, esse Bayern raramente, quase nunca, opta por marcar lá atrás, à espera da retomada e da transição ofensiva. Em regra, independente do adversário, do estádio e do placar, o time de Pep prioriza a posse. Nesse quesito Rodgers se mostra mais flexível.

Consumado o triunfo sobre o Norwich, o Liverpool se tornou mais Liderpool ainda. Chegou a 80 pontos (35 jogos), enquanto o Chelsea se manteve com 75 (35 jogos). E com 2 jogos a menos, o Manchester City soma 71 pontos. Na próxima rodada, no próximo domingo, dia 27 - anote na agenda - tem Liverpool vs Chelsea. Só isso.

Independente de quem ficar com o título da Premier League 2013/14, já pode-se dizer com todas a letras que Brendan Rodgers é o melhor treinador do campeonato. Ou não? Na verdade eu diria que é o segundo melhor da Europa, atrás somente de Diego Simeone. Pois hoje, no campo e bola do Velho Mundo, o Liverpool está no patamar dos quatro semifinalistas da Champions League (Atlético, Real Madrid, Chelsea e Bayern). Ou não? Na minha opinião, sim.

quinta-feira, abril 10, 2014

Qual brasileiro vai mais longe?

Os outros jogadores do Atlético inscritos na Libertadores: Giovanni, Lee, Réver, Edcarlos, Jemerson, Lucas Cândido, Pedro Botelho, Alex, Claudinei, Fillipe Soutto, Josué, Rosinei, Renan Oliveira, Guilherme, André, Marion, Carlos, Neto Berola, Leonardo (Anelka?).



Os outros jogadores do Cruzeiro inscritos na Libertadores: Elisson, Alan, Alex, Léo, Wallace, Mayke, Egídio, Souza, Tinga, Rodrigo Souza, Nilton, Elber, Alisson, Marlone, Martinuccio, Willian, Borges, Luan, Marcelo Moreno.



Os outros jogadores do Grêmio inscritos na Libertadores: Busatto, Tiago, Bressan, Saimon, Pedro Geromel, Breno, Moisés, Tinga, Léo Gago, Adriano, Matheus Biteco, Jean Deretti, Alán Ruiz, Zé Roberto, Maxi Rodríguez, Everton, Everaldo, Lucas Coelho, Kleber.



CORREÇÃO: Renan Oliveira e Leonardo estão no Sport, e não no Atlético.

quarta-feira, abril 09, 2014

Pardal ou não, Pep é o cara

A não ser que você jogue, sei lá, com duas linhas de cinco, é impossível preencher os corredores laterais e a faixa central ao mesmo tempo. Ou se ocupa o lado direito e o meio, ou o meio e o lado esquerdo. Jamais os três ao mesmo tempo. Por isso, penso eu, Guardiola optou por colar Robben e Ribéry às linhas laterais, bem abertos, justamente para alargar e abrir espaços entre os defensores do Manchester United.

Ao passo que Robben e Ribéry ocupavam as extremidades do campo, com a posse (ou seja, em praticamente 70% do tempo), os laterais avançavam por dentro, uma movimentação que me surpreendeu. Tanto Lahm quanto Alaba, quando o Bayern tinha a bola, subiam simultaneamente pela faixa central, no intuito, penso eu, de criar a superioridade numérica no setor do meio campo. Na prática, porém, Kagawa e Valencia se desdobravam na defesa: ora vinham por dentro para acompanhar os laterais adversários, ora fechavam por fora e dobravam a marcação nos pontas adversários, somados a Evra e Jones.



Esse foi o panorama do primeiro tempo. United fechado lá atrás à espera da retomada e da transição ofensiva rápida, do contra ataque, em regra puxado por Rooney e Welbeck (ou Valencia, Kagawa). Já o Bayern trabalhou a posse na base do passe, sem conseguir criar chances efetivas de gol. Na segunda etapa, contudo, o jogo foi mais aberto, mais franco, menos tático e mais rico em emoção, lá e cá. Trocação pura. Isso graças à postura dos Red Devils na volta do intervalo, em favor da posse própria, e, claro, graças ao(s) gol(s).

Até então preso lá atrás, preocupado com Robben, Evra deu uma escapada, chegou à frente sem ser incomodado e, com uma bomba de prima, abriu o placar aos 57'. Dois minutos depois Mandzukic já empatou. E aos 68', Müller virou, após cruzamento de Robben, que solitário superou por um momento a dupla Evra-Kagawa. Mais tarde, aos 76', o holandês faria o dele, a seu estilo, trazendo da direita para dentro e batendo de esquerda, decretando o placar final: 3 a 1 (4 a 2 no agregado).

Sou fã de Guardiola, porém confesso que não entendi direito, ou acho que não aprovei, digamos assim, esse papo de trazer os laterais por dentro e deixar os pontas bem abertos. Não sei se chegou a ser um Professor Pardal, porém admito minha surpresa e meu estranhamento com certas decisões tomadas por ele. Mas Pep é isso. Sai do lugar comum. Quebra paradigmas táticos. Inova. E toda inovação causa suspeita. Deu certo contra o United? Tenho minhas dúvidas. A vitória veio e o Bayern está classificado à semifinal da Champions League, entretanto ela poderia ter sido facilitada. Mas enfim, como disse, sou fã do treinador catalão e admiro demais seu trabalho, com ou sem "pardalices". De fato, Guardiola escreve seu nome na história do futebol.

sexta-feira, abril 04, 2014

Por que o Cruzeiro é meu favorito

Não vi o jogo de ontem contra a La U. Confesso que não quis ver, acho que por nervosismo, ansiedade. Não que eu seja cruzeirense. Não sou. Não torço pelo Cruzeiro. Torço por mim. Ou melhor: torço para que meu palpite se confirme. Palpite que você sabe qual é, se me segue no Twitter: Cruzeiro campeão da Libertadores 2014. Quer dizer, não cravo que o Cruzeiro será o campeão, né. Não sou louco. Futebol é futebol. Mas quando me perguntam quem é meu favorito, respondo na lata: o Cruzeiro. Se será campeão ou não são outros quinhentos.

Por que o Cruzeiro é, desde o final do ano passado, o meu favorito ao título da Libertadores 2014? Primeiramente, por causa do elenco. Quando aponto um favorito, inicialmente me baseio na qualidade do elenco, e para mim o elenco cruzeirense é o melhor do Brasil e da América Latina (embora eu não conheça tão bem os plantéis dos demais participantes da competição, logo reconheço essa soberba da minha parte). O tempo me ensinou, entretanto, que elenco não ganha campeonato sozinho. Ajuda e muito, é essencial, é fundamental, contudo futebol não é ciência exata, graças a Deus.



Outro motivo que me levou a apontar o Cruzeiro como o favorito (gosto de apontar apenas um favorito, apontar dois ou três é mole, é fácil, é lindo) é a qualidade da comissão técnica, a maneira como Marcelo Oliveira enxerga o futebol. Basta lembrar do campo e bola do time treinado por ele no Brasileirão 2013. Nenhum outro time sequer se aproximou daquele futebol envolvente. Mas, claro, pontos corridos são uma coisa, mata-mata é outra. Nos pontos corridos, quando se tem um elenco bom em quantidade e qualidade, a vida fica mais fácil. Já no mata-mata o buraco é mais embaixo, nem sempre o considerado melhor vence.

Futebol não é matemática, não quer dizer que o clube com melhor elenco e melhor treinador irá conquistar o título do torneio em questão (ainda mais em torneio mata-mata, como é a Copa Libertadores). Uma equipe campeã é moldada no dia a dia, nos treinamentos, na dedicação, na disciplina dos atletas, na capacidade técnica e psicológica do treinador, na capacidade do líder do grupo (o treinador) em manter todos focados no mesmo objetivo, e só estando lá dentro do CT para saber se Marcelo Oliveira e os jogadores do Cruzeiro estão comprometidos e trabalhando duro. Se estiverem, as chances de título crescem. Porém não se pode esquecer que seu adversário quer o título tanto quanto você, e o que faz a diferença é a preparação (aprendi isso com Bernardinho, recomendo demais o livro dele – Transformando Suor em Ouro). Se você se preparar melhor que seu adversário, suas chances aumentam.

Enfim, como disse, se o Cruzeiro vai ser o campeão ou não, são outros quinhentos. Diga-se de passagem, falta passar pela fase de grupos. Será preciso, salvo engano, golear o Real Garcilaso no Mineirão para chegar às oitavas (odeio essas contas, é isso, né?). Aí, a partir das oitavas, qualquer um pode matar ou morrer. No mata-mata qualquer um pode sobreviver ou ficar pelo caminho (basta lembrar da Copa do Brasil do ano passado, quando o próprio Cruzeiro foi eliminado pelo Flamengo, por exemplo, um time dito inferior).

Vou torcer pelo Cruzeiro? Vou. Não por ser cruzeirense, pois não sou, mas como disse, para que meu palpite se confirme. Egoísmo da minha parte? Estou pensando só em mim? Talvez. Talvez, não. Com certeza. Antes de ficar bravo comigo, no entanto, admita que todos somos egoístas e que todos torcemos para nós mesmos. (O gene é egoísta, meu filho. Bem-vindo ao mundo.) Se der certo, se o Cruzeiro levantar o troféu, vou falar "Não falei!? Sou foda." Agora, se o Cruzeiro ficar pelo caminho, vou ter de aguentar as cornetadas nas redes sociais.

quarta-feira, abril 02, 2014

Xavi ou Fàbregas. Ou um, ou outro

Terminei o post assim: “É uma questão de comparação, de custo-benefício, como tudo na vida. E pode ser que Martino tenha chegado à conclusão de que, sim, vale a pena "sacrificar" Neymar na ponta direita para que o time, coletivamente, com Iniesta na ponta esquerda (e Busquets, Xavi e Fàbregas no meio), atinja um nível mais satisfatório.” Leia aqui a íntegra.

O 1 a 1 contra o Atlético, pelo jogo de ida das quartas da Champions, no Camp Nou, reabriu a discussão (pelo menos na minha cabeça). Será mesmo que vale a pena? Pois quando joga na ponta direita, Neymar é apenas um bom atacante. Okay, um ótimo atacante. Quando joga na ponta esquerda, porém, Neymar é um dos melhores jogadores do mundo, e isso ficou evidente na partida de ontem, terça-feira. A bola que ele recebe de Iniesta e o tapa que ele dá com a parte de dentro do pé no canto oposto de Courtois só se concretizaram porque ele estava no seu habitat natural: a ponta esquerda (e Iniesta na meia esquerda).

É verdade que contra o Real Madrid e o Manchester City, nas oitavas, o Barcelona funcionou com Iniesta na ponta esquerda e Neymar na direita. Contudo, é óbvio que o craque brasileiro atinge seu ápice, joga a 100%, à esquerda. À direita seu futebol se reduz a, sei lá, 60%.

No fundo, no fundo, a sinuca de bico, o xis da questão, passa por Fàbregas ou Xavi (ou um, ou outro). Eu, particularmente, acho que nessa temporada Xavi é banco de Cesc (tanto no clube quanto na seleção). Entretanto entendo que há um certo tabu em mexer em medalhões. Discordo radicalmente, mas entendo. Uma espécie de gratidão eterna que atrapalha a evolução.

Mas enfim, espero que Tata Martino reconsidere essa ideia, espero que ele tenha colhão para escolher Fàbregas ou Xavi (e não Fàbregas e Xavi), para que Neymar renda seu máximo, na ponta esquerda, e para que Iniesta também renda seu máximo, na meia esquerda, pois, embora possa trabalhar na ponta esquerda, Iniesta atinge o 100% na meia, e não na ponta. Ou seja: em nome da média que tem feito com o medalhão Xavi, e talvez em nome duma suposta segurança e dum estilo de posse e passe, como escrevi no post da semana passada, Tata limita não só o futebol de Neymar, mas também de Iniesta. Aliás, com os dois nas suas respectivas posições (um na ponta e o outro na meia), o Barcelona chegou ao empate contra o Atlético (passe de Iniesta, gol de Neymar). Logo, Tata, decida-se: é Xavi ou Fàbregas.