quinta-feira, junho 19, 2014

Lamouchi mata Touré e Bony

Sou fã do 4-4-2 em linha. É o esquema tático mais charmoso e eficiente da história do futebol. Reconheço, no entanto, que ele se tornou praticamente impraticável a ferro e fogo, por uma questão matemática. Como a maioria dos times utiliza três jogadores no miolo do meio campo, a inferioridade numérica se torna inevitável. Por isso, para evitar esse dois contra três no setor mais importante do gramado, um dos atacantes do 4-2-2 em linha precisa marcar o primeiro homem da meia cancha adversária, o que configura o dito 4-4-1-1.

No caso da Costa do Marfim, o 4-2-3-1 é adotado, sendo que muitas vezes, sem a bola, os wingers se alinham aos volantes, e o meia-central circula por trás do centroavante (ou seja, variação para o 4-4-1-1). A distribuição dos jogadores é pertinente. Porém, a meu ver, as peças escolhidas pelo treinador são equivocadas. Em especial porque Yaya Touré joga atrás de Bony, quando na verdade o mundo todo sabe que o melhor volante do mundo na atualidade rende mais quando vem de trás. No Manchester City, por exemplo, em sua melhor temporada na carreira, ele formou a dupla com Fernandinho (esse mais recuado) ou Javi García.



O problema de se ter Touré avançado é que os volantes marfinenses são limitadíssimos com ela nos pés. Não se espera de Tioté e Die construções de jogadas, apenas destruições. Logo, Yaya precisa voltar para buscar a bola, e Bony fica totalmente isolado, distante do resto da equipe, já que Gervinho e Gradel atuam bem abertos, e que o cara que deveria encostar nele precisa se afastar para buscar o jogo mais atrás. No fim das contas, são dois erros em um, pois tanto Yaya quanto Bony pagam o pato.

Qual a solução? Na minha visão, Didier Drogba.

Pelo seguinte: com Drogba em campo, na vaga de um dos volantes, Touré voltaria a sua praia, ao lado de Tioté ou Serey Die, vindo de trás, como gosta, onde rende mais, enquanto Bony teria a companhia de Drogba. No mesmo 4-4-1-1, diga-se, Drogba jogaria atrás do centroavante, sem a bola marcando o primeiro volante adversário, e com ela trabalhando próximo a Bony (confira aqui nessa prancheta). Dessa maneira o latifúndio que existe entre os setores de meio e ataque desapareceria. E o próprio Touré teria mais opções quando dominasse a bola, levantasse a cabeça e olhasse pra frente. Teria à frente dois caras fortes e técnicos, infernizando a vida dos zagueiros. Hoje, todavia, quando domina, levanta a cabeça e olha pra frente, Touré vê apenas um dos dois, a milhas de distância.

Enfim. Não acho que necessariamente seja o caso Drogba e Bony titulares, nesse 4-4-1-1, com Touré volante, pela faixa central da linha de quatro do meio campo. Não acho nenhum absurdo que eles comecem juntos também. Mas ao menos no segundo tempo, Sabri Lamouchi poderia arriscar, né, uma vez que nas duas partidas anteriores (Japão e Colômbia) ele sacou justamente Bony para pôr Drogba.

Ah, e tem outra: além do benefício tático e técnico que essa mudança traria ao time, o poder de fogo, o poder de finalização, o cheiro de gol, aumentaria significativamente. Vamos ver qual vai ser. Após a derrota por 2 a 1 para a Colômbia, nesta quinta-feira, em Brasília, a Costa do Marfim fecha a fase de grupos contra a Grécia, dia 24, em Fortaleza.

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