domingo, julho 06, 2014

Hora de tirar as cartas da manga

Na Copa das Confederações o Brasil jogou no 4-2-3-1, com Luiz Gustavo e Paulinho volantes, Hulk na ponta direita, Neymar na ponta esquerda e Oscar por dentro, atrás de Fred. Já na Copa do Mundo, Felipão optou por Oscar fechando um das beiradas sem a bola, para deixar Neymar solto para decidir. Para mim, como você sabe (escrevi sobre isso), esse "sacrifício" do meia do Chelsea - um jogador coletivo, que faz o time jogar, em nome da capacidade de decisão de Neymar - nunca valeu a pena, e evidentemente não é agora, sem Neymar, que vai valer.



Felipão não tem motivo para escalar Oscar pela beirada agora. Ainda mais porque Willian, o provável herdeiro da vaga de Neymar no XI (da vaga, não necessariamente da posição), é um ponta-esquerda nato. Lembre-se, Willian foi ponta-esquerda durante seus vários anos de Shakhtar, e só não joga na ponta esquerda no seu clube atual porque no seu clube atual tem um tal de Hazard. Portanto, se Felipão pensa em jogar no 4-2-3-1, não há motivos para não escalar Oscar por dentro e Willian à esquerda (em especial Oscar por dentro). Não vou ficar surpreso, contudo, se Scolari colocar, sei lá, o canhoto Hulk à esquerda, para duelar com Lahm, Willian por dentro, e Oscar à direita.

Quem decide é o técnico, claro. Mas só para deixar clara minha opinião, eu iria no 4-2-3-1, com Oscar pela faixa central e Willian aberto na esquerda, além de Luiz Gustavo e Fernandinho volantes, e na ponta direita... Bernard.

E Hulk, Carlão? Iria com Hulk falso nove, e deixaria Fred na reserva. Pelo seguinte: acredito que a Alemanha terá mais posse de bola, e que o contra ataque pode ser uma arma fundamental do Brasil. E, convenhamos, com todo respeito, na hora do contra ataque Fred mais atrapalha do que ajuda. Ah, tem uma coisa. Hulk não sabe jogar de costas para o gol. É verdade. Justamente por isso falo em "falso nove". O atacante do Zenit não jogaria ali para fazer o pivô, mas sim para ser peça importante na hora de contra golpear.

Não menos importante seria Bernard. Pelo seguinte: com Willian na ponta esquerda, Oscar na faixa central do 4-2-3-1, e Hulk improvisado como falso nove, sobraria a ponta direita, região do campo onde atua Höwedes, o lento e pesado zagueiro alemão improvisado na lateral esquerda. Como a linha de zaga alemã joga adiantada, e Höwedes sobe sim ao ataque (sem perigo, mas sobe), a velocidade às suas costas deve ser uma jogada explorada pelo Brasil. E uma vez que nessa hipótese Hulk seria o centroavante, Oscar o meia-central e Willian o ponta-esquerda, restariam no elenco "apenas" dois nomes indicados para jogar pelo flanco direito: Ramires e Bernard. E uma vez que Bernard é mais ofensivo que Ramires, e que Höwedes não assusta tanto no ataque, creio que Bernard seria o nome mais indicado para explorar os espaços às costas do lateral-esquerdo da Alemanha.

Enfim. Eu escolheria esse time (veja aqui). Dessa forma, Luiz Gustavo bateria de frente com Kroos, Fernandinho com Khedira, e Oscar com Schweinsteiger. Isso se Löw repetisse a meiuca que enfrentou a França, nas quartas (veja aqui). Como disse, entretanto, mesmo sem Neymar, não vou me surpreender se Felipão seguir "sacrificando" Oscar. Desde o começo da Copa está nítido para mim que sua visão de futebol é diferente da minha. Mas é óbvio que a minha visão de futebol não importa nesse caso, o que importa é a visão de quem está no comando, e esse alguém é Luiz Felipe Scolari. E obviamente ele tomará as decisões que julga serem as melhores para o Brasil.

Aliás, mais do que nunca o trabalho de Felipão será posto à prova, pois o cara que decide sozinho não está mais lá. Mais do que nunca o time terá de se apresentar como time na essência da palavra, terá de ser mais coletivo e menos dependente de um jogador. Mais do que nunca, é a hora do famoso dedo do treinador. Resta-nos aguardar para ver quais cartas ele tem na manga.

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