quinta-feira, outubro 22, 2015

Afinal, qual deveria ser a da Seleção?

Qual o modelo de jogo da seleção brasileira? Ou melhor. Qual é o modelo de jogo da seleção brasileira atual e qual é/seria o modelo de jogo considerado ideal para ela? A prioridade é/deveria ser valorizar a posse através da troca de passes ou é/deveria ser o contra ataque? Controlar o jogo com a bola ou controlar o jogo sem a bola? Afinal, qual deveria ser a prioridade da seleção pentacampeã do mundo?

Parece-me evidente que a resposta é a primeira opção. Parece-me evidente que a seleção brasileira deveria propor o jogo com a bola, através da troca de passes curtos, pacientes e pensados, visando à criação de chances para o talento desequilibrar. No entanto o que vemos na prática, sob o comando de Dunga, é uma equipe que prioriza a marcação por zona no campo defensivo, a retomada e a transição rápida (com Felipão não era muito diferente). É o que o time sabe fazer. Nada muito além disso. Por essas e outras, Dunga deve adorar enfrentar a Argentina em Buenos Aires, por exemplo, pois ele pode adotar essa estratégia sem ser questionado. Quando analisamos o todo, contudo, é pouco. Não é o suficiente.

Claro. Contra a Argentina fora de casa é justificável, compreensível e até recomendável priorizar a marcação por zona, a ocupação dos espaços com linhas compactadas e sincronizadas, a roubada e o contra ataque. Legítimo. O problema é que a Seleção de Dunga, sem tirar seus méritos e dos atletas, só sabe jogar dessa maneira. Uma maneira menos complexa, digamos assim – tanto é que são poucos no mundo (clubes e seleções) que conseguem valorizar a posse de bola à troca de passes inteligentes e eficientes. Quando a Seleção precisa propor o jogo com a bola, entretanto (ou seja, na maioria das partidas), os comandados de Dunga meio que não sabem o que fazer (as ações são resumidas nas saídas com os laterais, na bola longa e, claro, na genialidade de Neymar).

Particularmente tenho convicção de que a Seleção deveria ser uma dessas raras equipes no mundo que controlam o jogo com a bola, estilo Guardiola mesmo (Guardiola é o exemplo extremo, mas existem outros que adotam a mesma filosofia), pois há material humano para isso (Coutinho, Lucas Lima, Willian, Oscar, Casemiro, Fernandinho, Luiz Gustavo, Hernanes, etc). Em contrapartida, tenho certeza de que Dunga, mesmo se quisesse fazer isso, não teria nem ideia de como fazê-lo, de como treinar o time para colocar em prática esse modelo de jogo. Em outras palavras, o Brasil tem sim material humano, dentro de campo, para ser protagonista com a bola. Mas não tem material humano de qualidade no comando. A começar pelo treinador, que nem treinador é.

quinta-feira, outubro 15, 2015

Galo coloca Inter no bolso

Compactação nas fases defensiva e ofensiva, aproximação, movimentação, sincronia, troca de passes curtos, intensidade, chances criadas. Esse foi o Atlético-MG diante do Internacional, no Independência, nesta quarta, pela 30ª rodada do Brasileirão. Apesar da vitória magra no placar (2 a 1), foi um banho de bola do time de Levir no time de Argel.

Claro. Levir está há mais tempo no cargo que Argel. Naturalmente o Galo deveria estar, como está, num estágio mais avançado que o Inter (está alguns estágios mais avançado, na verdade). No entanto não é apenas o tempo de casa do treinador que determinou a superioridade do Atlético (tampouco o fator casa). Seria simplório demais chegar a essa conclusão baseado apenas nisso. Vários fatores pesaram na balança, e talvez o principal deles seja a diferença entre os treinadores (sem falar nos jogadores, claro).

Se por um lado o Atlético sabia direitinho o que fazer quando tinha a posse, do outro o Inter não tinha nem ideia. Embora o adversário fosse o Atlético no Independência (ou seja, osso duro), o Colorado deixou a desejar quando a recuperava. Com Nilton, Dourado, Anderson e Alex no meio, e Ernando na lateral, o contra ataque praticamente não existiu. Não havia peças para isso. O que me levou a pensar que a estratégia de Argel, se é que ele tinha uma, era segurar a pressão e tentar vencer na bola longa ou aérea (o gol do Inter, de empate, saiu num escanteio, com o zagueiro Paulão). Convenhamos, é muito pouco.

Em outras palavras, o repertório do Inter na fase ofensiva foi limitadíssimo. Como me parece ser seu treinador: limitadíssimo. Parece-me que não dá para esperar de Argel muito além disso. Um time bastante físico, com atletas altos e fortes, que marca muito e sai no contra ataque (isso quando tem peças em campo para contra atacar, senão o repertório fica mais limitado, restrito à bola aérea e às jogadas individuais fortuitas, que sempre podem ocorrer e decidir uma partida). De fato, faltam boas ideias de jogo para Argel, e sua equipe é um reflexo disso dentro das quatro linhas. No Atlético, em contrapartida, as ideias de jogo são inteligentes, definidas e assimiladas. Reflexo de Levir.

domingo, outubro 04, 2015

Bayern atropela Dortmund

Na prática, um 3-3-4. Com a bola, foi assim que o Bayern de Guardiola se posicionou, diante do Borussia Dortmund, neste domingo, na Allianz Arena, pela 8ª rodada da Bundesliga: num 3-3-4. Com a posse, o lateral-direito Lahm ocupava o corredor central, para evitar a inferioridade numérica no setor, ao lado de Thiago (Alonso cabeça de área), de modo que Müller se somava a Lewandowski no ataque, e Götze e Douglas Costa davam amplitude, colados às linhas laterais (a linha de fundo era deles). Na defesa, Alaba, Boateng e Javi Martínez marcavam Aubameyang e Mkhitaryan.



No 4-4-2 em losango do treinador Thomas Tuchel, Aubameyang e Mkhitaryan atuaram abertos (Reus começou no banco e entrou no segundo tempo), com Kagawa enganche (vs Alonso), o jovem Weigl à frente da zaga, Gündogan na maior parte do tempo duelando com Thiago, e Sokratis na lateral direita, para marcar o já conhecido Douglas Costa. Como era de se esperar, fora de casa, a estratégia do BVB estava voltada ao contra ataque. No entanto, o contra golpe amarelo não pintou e bordou, como de costume, pois do outro lado havia uma equipe que sabe e soube neutralizar o adversário. E que conta com um grande goleiro (Neuer fez umas duas ou três defesas difíceis).

A superioridade do Bayern ficou refletida no placar final: 5 a 1. Müller fez dois, Lewandowski fez dois e Götze um; Aubameyang fez o de honra do Dortmund. Um massacre. Mais um na temporada 2015/16, imposto pelo time mais bem treinado da atualidade. Em seu terceiro ano no clube alemão, mais do que nunca, Guardiola tem a equipe nas mãos. Mais do que nunca os jogadores têm assimiladas suas ideias de jogo, seus conceitos. Sem abrir mão de sua filosofia, mas sempre agregando variações ao repertório (dois gols contra o Dortmund nasceram de passes longos de Boateng, por exemplo), Pep vai conduzindo o Bayern a outra temporada espetacular, suportado pela fase iluminada de jogadores como Lewandowski, Thiago, Douglas Costa e etc. Sem dúvida, é o time a ser batido na Europa.